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Sob pressão, empresas reduzem o uso de plásticos

  • Exame.abril.com.br
  • 11 de set. de 2018
  • 3 min de leitura

A cada ano, pelo menos 8 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos. São 32% de todas as embalagens plásticas do mercado mundial.

Atualmente, cerca de 300 milhões de toneladas são produzidas por ano. O volume chega a 40 quilos de plástico por ano por pessoa, ante 5 quilos por pessoa nos anos 60.

O volume de plástico produzido no mundo cresceu 20 vezes em 50 anos. Sob pressão, as empresas se comprometem a reduzir o uso em escala inédita. Veja alguns exemplos:

  • Os clubes de futebol Real Madrid (Espanha) e Juventus (Itália) apresentaram uniforme inovador feita de plástico reciclado. O material foi fornecido à Adidas pela Parley for The Oceans, organização internacional que se dedica a eliminar a poluição por plásticos nos oceanos.

  • Há um mês, Adidas estabeleceu uma meta global: usar unicamente plásticos reciclados até 2024. O poliéster, plástico que compõe metade dos produtos da marca, será gradativamente substituído.

  • A fabricante de bens de consumo Unilever se comprometeu, em 2015, a aumentar em pelo menos 25% a utilização de plástico reciclado em todas as embalagens de seus produtos até 2025 e, em algumas linhas, como as de sabão líquido, conseguiu reduzir em 75% o uso de plástico nas versões concentradas do produto.

  • A rede americana de cafeterias Starbucks quer eliminar o uso de canudos plásticos nas lojas nos próximos dois anos.

  • A Coca-Cola quer chegar a uma fatia de 30% de produtos com embalagens retornáveis no mesmo período — hoje a proporção é de 20%.

Imagens de ilhas de plástico no Pacífico e de tartarugas com as vias respiratórias obstruídas por canudos viralizaram nas redes sociais recentemente. Com tempo de uso inferior a uma hora e uma logística de coleta quase impossível devido à magnitude do uso, os canudinhos de plástico se tornaram o bode expiatório da vez.

No Rio de Janeiro, o utensílio já é proibido por lei e comerciantes correm para adotar canudos de papel, ainda pouco fabricados. Por ora, a Starbucks vai ter de importar canudos de papel, ainda não disponíveis em grande escala no Brasil (o que por si só cria uma nova leva de problemas ambientais).

Os canudos são uma porta de entrada para discutir um problema complexo e sem solução simples. Cerca de 90% dos produtos plásticos são usados uma vez e descartados. Tais características também impedem a degradação do plástico, que tende a se decompor em pequenas partículas e permanecer indefinidamente no meio ambiente.

No Brasil, um cenário em que apenas 18% das cidades contam com serviços de coleta seletiva e ainda existem 3.000 lixões. “Mais que tecnologia para reciclar, falta material adequado”, afirma Bruno Igel, diretor da Wise, uma recicladora de plástico. Diante da ineficiência na separação e na destinação correta dos resíduos, estima-se que 30% dessa indústria esteja ociosa no país.

O sonho de criar uma economia circular, 100% reciclável, em que os plásticos são reutilizados tanto quanto possível, tem impulsionado uma série de iniciativas. Algumas empresas se comprometem a compor suas embalagens com resina plástica reciclada, mas a garantia de atributos de qualidade, como resistência física e térmica, ainda é motivo de precaução. Uma solução mais simples é reduzir o uso das embalagens de plástico tradicional.

A Coca-Cola, por exemplo, conseguiu cortar em 17% o peso de suas garrafas plásticas, mas ainda não chegou a uma embalagem totalmente reciclada que possa ser usada para a água gaseificada sem perda do gás.

Um avanço mais rápido depende dos governos na criação de sistemas de coleta e triagem de lixo seco — e da mudança de hábito de consumidores.

Estatística

Fonte: https://exame.abril.com.br/revista-exame/nao-basta-abandonar-o-canudinho/

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